Herdei o nome de um homem que foi grande em sua pequenez e
soube levar a vida com a leveza de quem aprendeu a amar. Ele conheceu o amor em seu mais
amplo aspecto e soube deixar um legado a ser seguido.... Uma herança que jamais se
limitaria a sobrenomes ou títulos, bens ou tesouros materiais, pois abrange o
que é verdadeiro... A pureza das formas e o efeito do sorriso, que nem sempre
conseguimos distribuir como ele o fazia. Ainda assim, cabe a nós manter viva a
chama de amor que ele acendeu em nosso peito.
Se souber olhar além do véu da matéria, qualquer um consegue
perceber que a maioria de nossas angústias é passageira e, até certo ponto,
banal. “Eu não tenho o carro do ano”, “minhas notas não são as melhores”, “aquela
gordurinha perto do umbigo sempre aparece quando como chocolate”, “perdi quem
eu amava”... Qual dessas demandas ainda o moveria daqui a um mês ou um ano?
Qual desses conflitos é realmente relevante para que sua vida e a vida do outro
sigam no rumo do Verdadeiro... O homem com meu nome sabia distinguir e não se
deixar abater pelo medo ou ansiedade em relação ao que viria. Ele sabia que
onde imperam as boas intenções, jamais faltará a base material para que elas se
tornem reais. Mesmo que surjam as dificuldades, manter-se firme em um ideal nos
faz colher depois a recompensa... Não... Não o façamos em busca dela... No
entanto, é preciso ser sensível o bastante para saber-se recompensado de fato
pelo simples fato de sentir-se útil fazendo algo pelo outro. O orgulho que vem de dentro, em relação a si
mesmo e as estar no seu caminho... Como o disse em outro texto, se a humanidade
conhecesse a paz que há em uma boa ação, fazer o bem se tornaria o maior dos
vícios...
Sim, quando voltar
para casa depois do bem feito, ainda te aguardarão os mesmos conflitos. Você,
no entanto, terá colhido lições que te farão inexplicavelmente maior e saberá
compreender que tudo passa. Terá a maturidade necessária para ser sincero
consigo mesmo e dizer, se for preciso, “eu não sei o que fazer diante desta
situação”. Então, de olhos fechados, pedirá e encontrará a paz e a confiança
para lutar e buscar, caso valha à pena, ou, como na maioria de nossos dilemas
banais, esquecer e partir... Novos rumos virão... Novas histórias... Novas
verdades e novos silêncios... Novos versos... Novos motivos para fechar os
olhos em um sorriso.
Cada um carrega, no fundo de sua alma, os anseios e motivos
para seguir. Mas, como meu avô ensinou, só vale à pena viver se for para fazer
a diferença, ainda que mínima, na vida de alguém. Só se tem a felicidade real
quando se sabe colher as pequenas e diárias felicidades alheiras e viver por
ai, cultivando flores em outros jardins pelo simples prazer de ver-lhes as
cores... Pelo simples prazer de se fazer feliz na felicidade que o cerca. Só
vale à pena viver se for para ser assim e, no final, o que sei de mim além de
que fazer feliz é ser feliz e nada mais. O sorriso de paz onde imperavam
lágrimas é e sempre será a maior das recompensas.
Onde estiver, quero que Ele nunca se esqueça da minha eterna
gratidão e espero ainda merecer a honra de ter seu nome. Espero ainda merecer,
em todos os aspectos, chamar-me MANOEL.