sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O relógio da mão invisível

Na última quinta feira, no curso de inglês, me encontrei diante de uma reflexão profunda. 25 de novembro é o dia em que, nos EUA, as pessoas se reunem para agradecer pelas graças recebidas ao longo do ano. Junto a um pedaço de torta de abóbora recebemos um papel em branco para que escrevessemos sobre o que estávamos agradecidos. Pensei em minha vida e nas coisas que aconteceram nos últimos mêses. Nada escepcionalmente bom... Nada que preenchesse com ânimo aquele pedaço de papel.
É impossível não sentir o peso desta grande mão que nos acolhe diariamente com seu calor. Os caminhos tortos que sempre fazem nossas vidas mais felizes, mais humanas. A verdade é que minha vida está completamente diferente do que eu sonhei por muito tempo, mas isso não é ruim. Encontrei grandes amigos, descobri um sentimento bonito e me preparei moralmente para o peso dos meus sonhos. Quetionei minha vontade e meus motivos. Moldei minha personalidade para os dias que me esperam. Por que eles ainda me esperam em algum lugar no meu futuro. Eu não sei quando, nem saberia imaginar. Pergunte para a mão invisível! Ah... ela não tem email, telefone, twiter... Nada parecido. Nunca responde com palavras os recados que lhe enviamos. As respostas são melhores e mais sinceras que qualquer palavra pode ser. O grande problema é que nem sempre compreendemos isso. Nos revoltamos sem perceber que a palavra sim tem um gosto muito mais doce quando seguida da palavra não dita muitas vezes. É como o sol que aparece no fim da tarde depois de um dia inteiro de chuva. Tão grande e tão belo como sempre foi, mas se faz notável porque foi esperado.
Não vou me esquecer das madrugadas de estudos, nem do gosto do café que eu tomava para distrair o sono das aulas repetidas. Não vou me esquecer das longas piscadelas e dos sonhos repentinos. Não vou me esquecer das piadas sem graça, das conversas inúteis e tempo útil que se ganha com elas. Não vou me esquecer dos poucos amigos que fiz, ainda que eu nunca mais os veja. Nem das pessoas com quem eu nunca conversei, mesmo estando todos os dias na mesma sala e compartilhando o mesmo sonho. Tudo isso, leitor raro (que deve ser algum dos meus familiares, um amigo próximo, um desconhecido ou eu mesmo) vai ficar guardado junto com tudo o que vivi nesta minha curta e longa vida. Há um espaço ao lado do beijo na ladeira, atrás da guerra de barro, entre o mergulho no córrego, o gosto das jabuticabas e os natais em família. Não importa... Só sei que vai passar... O medo, a insegurança... Só as coisas boas duram mais que um minuto. Quanto tempo é um minuto? Eu não sei. Só a mão invisível sabe e eu não quero perguntar a ela, pois tenho medo que um minuto seja muito tempo.