As ruas do Brasil tornam-se palco de uma nova transformação.
Seria um momento histórico marcado pelo levante popular contra as injustiças
que há muito incomodam a nação brasileira sem, de fato, acordar às massas? Nas
últimas décadas a sociedade do consumo e a grande imprensa, comprometida com os
interesses das classes favorecidas economicamente, entorpeciam a população com
telenovelas e espetáculos esportivos. Entretanto, emerge, neste século, um novo
arma de informação e mobilização: as redes sociais. É hora, então, de lutar
contra as mazelas que os grandes insistem em nos omitir e por fim à injustiça
que, até agora, aceitamos imóveis.
O aumento nas tarifas de ônibus foi o catalisador deste
levante, não a causa principal. Não existe, na verdade, uma causa principal.
Luta-se contra fatores intoleráveis na politica, na economia e na sociedade
brasileiras. Não é um movimento atrelado a partidos, como pretende a direita
podre e elitista ou a esquerda radical. O que se pretende é criticar o sistema
e moldá-lo de forma a construir uma sociedade mais justa. O que se quer é uma
imprensa menos parcial; um Estado laico, avesso a qualquer tipo de intolerância;
o fim da impunidade à corrupção ( não às PEC’s 33 e 37); um transporte público
de qualidade; mais investimentos em educação e saúde; maior preocupação em
relação às questões ambientais em contraposição ao desenvolvimento a qualquer
custo. A população brasileira não precisa de mais estádios, precisa de
oportunidades. Sim, é inegável a evolução econômica e social do país nos
últimos anos, mas queremos e merecemos mais!
Devemos, no entanto, estar cientes de que, ainda que de
forma sutil, alguns grupos políticos tentarão distorcer o movimento
transformando-o em uma revolução para destituir o governo, quando, na verdade,
não é esse o objetivo. Lembremo-nos que uma mobilização popular em 1964 foi
utilizada pelas elites e pela grande imprensa para pôr fim ao governo de João
Goulart, o que serviu como base de apoio para a implantação da ditadura
militar, um dos períodos mais tenebrosos da história brasileira. Por isso, protestemos,
mas fundamentados em bases críticas para que não continuemos como sempre fomos,
acéfalos manipuláveis pelos interesses dos grandes (em termos econômicos),
aqueles que de fato mandam no mundo... E no Brasil.