terça-feira, 18 de junho de 2013

Primavera Brasileira?

As ruas do Brasil tornam-se palco de uma nova transformação. Seria um momento histórico marcado pelo levante popular contra as injustiças que há muito incomodam a nação brasileira sem, de fato, acordar às massas? Nas últimas décadas a sociedade do consumo e a grande imprensa, comprometida com os interesses das classes favorecidas economicamente, entorpeciam a população com telenovelas e espetáculos esportivos. Entretanto, emerge, neste século, um novo arma de informação e mobilização: as redes sociais. É hora, então, de lutar contra as mazelas que os grandes insistem em nos omitir e por fim à injustiça que, até agora, aceitamos imóveis.
O aumento nas tarifas de ônibus foi o catalisador deste levante, não a causa principal. Não existe, na verdade, uma causa principal. Luta-se contra fatores intoleráveis na politica, na economia e na sociedade brasileiras. Não é um movimento atrelado a partidos, como pretende a direita podre e elitista ou a esquerda radical. O que se pretende é criticar o sistema e moldá-lo de forma a construir uma sociedade mais justa. O que se quer é uma imprensa menos parcial; um Estado laico, avesso a qualquer tipo de intolerância; o fim da impunidade à corrupção ( não às PEC’s 33 e 37); um transporte público de qualidade; mais investimentos em educação e saúde; maior preocupação em relação às questões ambientais em contraposição ao desenvolvimento a qualquer custo. A população brasileira não precisa de mais estádios, precisa de oportunidades. Sim, é inegável a evolução econômica e social do país nos últimos anos, mas queremos e merecemos mais!
Devemos, no entanto, estar cientes de que, ainda que de forma sutil, alguns grupos políticos tentarão distorcer o movimento transformando-o em uma revolução para destituir o governo, quando, na verdade, não é esse o objetivo. Lembremo-nos que uma mobilização popular em 1964 foi utilizada pelas elites e pela grande imprensa para pôr fim ao governo de João Goulart, o que serviu como base de apoio para a implantação da ditadura militar, um dos períodos mais tenebrosos da história brasileira. Por isso, protestemos, mas fundamentados em bases críticas para que não continuemos como sempre fomos, acéfalos manipuláveis pelos interesses dos grandes (em termos econômicos), aqueles que de fato mandam no mundo... E no Brasil.


segunda-feira, 3 de junho de 2013

O existencialismo cristão

Jean Paul Sartre foi um filósofo renomado do século XX, que presenciou grande parte das maiores atrocidades que o ser humano foi capaz de produzir ( duas grandes guerras, sistemas repressores e ditatoriais de direita e esquerda, genocídios e outros crimes dos quais a humanidade deveria se envergonhar). Ele desenvolveu um pensamento maravilhoso, no entanto, partiu de uma premissa com a qual não sou capaz de concordar: Deus não existe.
Para ele o ser humano não é como todas as outras coisas, nas quais a essência precede a existência, ou seja, os objetos já são criados com um objetivo, uma finalidade, como uma tesoura que é produzida para cortar papel e, desde antes de sua existência possuía essa finalidade. A humanidade não, ela primeiro existe, para, em seguida, ser definida por si mesma. Assim, nós, seres humanos, somos responsáveis por nosso próprio projeto de vida, nossas escolhas, atitudes e os efeitos delas. Por isso, não podemos culpar aos outros, ou a um Deus, que para ele não existe, pelos fracassos ou vitórias em nossas vidas, visto que somos, desde o nascimento, condenados à liberdade e somos livres, ainda que não saibamos, pois o que nos ocorre hoje é, de alguma forma, fruto de nossas escolhas.
É possível, no entanto, chegar às mesmas conclusões sem contestar a existência de um Deus, uma força maior e melhor do que nós, ao afirmar que essa força, ao criar a humanidade, fez algo diferente... Algo autônomo, capaz de definir-se e encontrar seu próprio lugar no mundo... Algo livre por si mesmo e, de tal forma condenado à liberdade, que é um crime culpar às circunstâncias por qualquer mazela que seja. Pelo contrário, se há coisas inaceitáveis no mundo, cujos exemplos são quase infinitos, é por que nós, seres humanos, de alguma forma permitimos e é nosso dever lutar contra elas.
Partindo do mesmo princípio, de que Deus fez-nos livres, seria inconcebível a ideia de pecado, como algo proibido por Ele. Substituamos, portanto, “pecado” pelo conceito de causa e consequência, ou seja, não somos punidos pelo Ser Superior por nossas falhas, mas, simplesmente, temos diante de nós as consequências de todo e qualquer ato que desempenhemos. Dessa forma somos o que fizemos de nós e seremos o que fizermos de nós.
Nesse contexto, seria infundada a intolerância, principalmente quando a ideia de Deus é utilizada como base para julgar os atos alheios, porque não há um Deus intolerante, há um Deus bom, criador de uma lei justa, na qual o que homem é seus próprios atos. Que perda de tempo, então, julgar alguém pela cor da pele, orientação sexual, gênero, etnia, religião, partido político, time de futebol, aparência física... Pois não temos esse poder, o que pune os indivíduos é sua própria liberdade!
Alguém, entretanto, poderia discordar de minhas conclusões ao exemplificar qualquer mazela que acompanhe um indivíduo desde o nascimento. Eu, nesse caso, responderia com outra pergunta: Seria a vida humana uma existência finita, contida em um curto espaço de tempo? Pouco provável, se procurarmos entender a criação de uma forma mais ampla e complexa. Assim existiria, indubitavelmente, um momento anterior ao nascimento e outro posterior à morte. A maioria de nós desconhece ambos, mas, exatamente por isso, não há quem possa dizer com propriedade que não exista. Assim, seria aceitável a proposição de que essas moléstias congênitas são efeitos de causas desconhecidas, anteriores à vida material.

 Pede-se dizer, então, que somos livres, nascemos livres, morreremos livres, seremos livres após a morte como o fomos antes do nascimento e desde a criação!