segunda-feira, 3 de junho de 2013

O existencialismo cristão

Jean Paul Sartre foi um filósofo renomado do século XX, que presenciou grande parte das maiores atrocidades que o ser humano foi capaz de produzir ( duas grandes guerras, sistemas repressores e ditatoriais de direita e esquerda, genocídios e outros crimes dos quais a humanidade deveria se envergonhar). Ele desenvolveu um pensamento maravilhoso, no entanto, partiu de uma premissa com a qual não sou capaz de concordar: Deus não existe.
Para ele o ser humano não é como todas as outras coisas, nas quais a essência precede a existência, ou seja, os objetos já são criados com um objetivo, uma finalidade, como uma tesoura que é produzida para cortar papel e, desde antes de sua existência possuía essa finalidade. A humanidade não, ela primeiro existe, para, em seguida, ser definida por si mesma. Assim, nós, seres humanos, somos responsáveis por nosso próprio projeto de vida, nossas escolhas, atitudes e os efeitos delas. Por isso, não podemos culpar aos outros, ou a um Deus, que para ele não existe, pelos fracassos ou vitórias em nossas vidas, visto que somos, desde o nascimento, condenados à liberdade e somos livres, ainda que não saibamos, pois o que nos ocorre hoje é, de alguma forma, fruto de nossas escolhas.
É possível, no entanto, chegar às mesmas conclusões sem contestar a existência de um Deus, uma força maior e melhor do que nós, ao afirmar que essa força, ao criar a humanidade, fez algo diferente... Algo autônomo, capaz de definir-se e encontrar seu próprio lugar no mundo... Algo livre por si mesmo e, de tal forma condenado à liberdade, que é um crime culpar às circunstâncias por qualquer mazela que seja. Pelo contrário, se há coisas inaceitáveis no mundo, cujos exemplos são quase infinitos, é por que nós, seres humanos, de alguma forma permitimos e é nosso dever lutar contra elas.
Partindo do mesmo princípio, de que Deus fez-nos livres, seria inconcebível a ideia de pecado, como algo proibido por Ele. Substituamos, portanto, “pecado” pelo conceito de causa e consequência, ou seja, não somos punidos pelo Ser Superior por nossas falhas, mas, simplesmente, temos diante de nós as consequências de todo e qualquer ato que desempenhemos. Dessa forma somos o que fizemos de nós e seremos o que fizermos de nós.
Nesse contexto, seria infundada a intolerância, principalmente quando a ideia de Deus é utilizada como base para julgar os atos alheios, porque não há um Deus intolerante, há um Deus bom, criador de uma lei justa, na qual o que homem é seus próprios atos. Que perda de tempo, então, julgar alguém pela cor da pele, orientação sexual, gênero, etnia, religião, partido político, time de futebol, aparência física... Pois não temos esse poder, o que pune os indivíduos é sua própria liberdade!
Alguém, entretanto, poderia discordar de minhas conclusões ao exemplificar qualquer mazela que acompanhe um indivíduo desde o nascimento. Eu, nesse caso, responderia com outra pergunta: Seria a vida humana uma existência finita, contida em um curto espaço de tempo? Pouco provável, se procurarmos entender a criação de uma forma mais ampla e complexa. Assim existiria, indubitavelmente, um momento anterior ao nascimento e outro posterior à morte. A maioria de nós desconhece ambos, mas, exatamente por isso, não há quem possa dizer com propriedade que não exista. Assim, seria aceitável a proposição de que essas moléstias congênitas são efeitos de causas desconhecidas, anteriores à vida material.

 Pede-se dizer, então, que somos livres, nascemos livres, morreremos livres, seremos livres após a morte como o fomos antes do nascimento e desde a criação!

2 comentários:

Patricia disse...

Muito bom Manoel!! Filosofo demais!!

Manoel Victor Ferreira Silva disse...

Cirtiu pat? Bjos

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