domingo, 29 de setembro de 2013

A pequenez e a esperança


 
 
Por que será que a pequenez humana sempre me surpreende. A sociedade atual é movida por estereótipos. Assim, roupas, bens, etnia, cor da pele, religião, orientação sexual, cor do cabelo, peso e etc, são motivos o suficiente para que seja estabelecido um perfil de personalidade, nada confiável, por sinal, pois é baseado apenas na visão limitada e preconceituosa que a maioria de nós insiste em manter. Entretanto, caro leitor, não há definição para seres humanos, visto que, a partir do instante evolutivo em que se tornaram racionais, passaram a ser capazes de definir a si mesmos.
É certo que as características podem contribuir para a formação das personalidades ou refletir certos traços individuais, mas nunca seriam capazes de, sozinhas, definirem um ser por serem apenas características.
Acontece, que diante da diversidade de formas, regras e opiniões, a maioria de nós ainda insiste em ser inflexível. São raras, nas discussões corriqueiras, as tentativas de modificar-se e tomar o ponto de vista alheio, ainda que como teste, questionando o próprio modo de pensar. É fácil assimilar os padrões da maioria e não há nada de errado nisso, exceto quando eles atingem o ponto de ferir o diferente verbal ou fisicamente.
Há alguns dias, eu voltava para casa, com meu extinto cabelo verde de calouro, quando fui abordado de uma forma nada educada por um grupo de policiais. Reviraram meu carro, minha mochila e meus bolsos, pediram meus documentos e, no meio deles, meu comprovante de matrícula.  
_Você faz medicina?
_Sim.
_UnB?
_Sim
_Calouro?
_Sim.
Ele então apontou desconcertado para meu cabelo verde e ainda perguntou:
_Foi trote?
Dessa vez, eu apenas abanei afirmativamente com a cabeça e eles me deixaram ir. Depois, fiquei pensando na pequenez daquele comportamento. Por que eu seria suspeito de algo simplesmente por ter cabelo verde? Por que eu seria inocente por ser estudante de medicina? Nenhuma dessas características me define como pessoa, porque,como você e o resto do mundo, caro leitor, eu sou o conjunto das experiências que acumulei ao longo da minha existência  e o que aprendi de positivo ou negativo com elas. Sou um pouco de cada pessoa com que conversei, porque cada palavra me acrescentou algo, mesmo que eu ainda não tenha a consciência exata de o quê.
Ainda assim, tento imaginar quando os padrões sociais deixaram de se voltar para aspectos tão vazios do ser humano como a cor da pele, a quantidade de recursos econômicos, os princípios religiosos superficiais... e passaram a valorizar moralmente o indivíduo instigando-o a ser ético, responsável, caridoso, gentil, respeitoso...
Uma amiga, que também estava de cabelo verde, teve uma experiência parecida e espero que ela não se importe que eu reflita sobre isso também. Quem a julga pela cor de seu cabelo não a merece, foi o que ela disse... Concordei e, com meu jeito introspectivo, pensei que quem julga os outros por suas características superficiais, todas elas, não merece receber a indignação. Esses, não merecem sequer nossa atenção sincera, devido à pequenez de seus atos e suas motivações.
Por isso, meu amigo, cuidado ao julgar alguém pelos atributos visíveis aos olho... Se há uma certeza na vida, é que ela é extremamente dinâmica.  As situações se alternam de forma incrível, ou assustadora. O fato é que nada impede de um dia estarmos envolvidos nas situações que condenamos ou internamente inclinados para as coisas que tanto julgamos. Então, percebemos de fato a pequenez dos julgamentos para, quem sabe, aprendermos a agir de forma diferente... Nem sempre aprendemos, mas, ainda assim, tivemos e temos todos os dias a oportunidade de agir diferente. Agiremos diferente, um dia, e, como os adultos que riem das traquinagens que cometia na infância, debocharemos de nós mesmos pela nossa pequenez... Quando, enfim, evoluirmos a ponto de admitir que somos todos igualmente falíveis e, da mesma forma, perfectíveis (capazes de atingir a perfeição), levaremos nossas relações a um novo patamar e, na sociedade, os padrões morais terão mais relevância que os padrões estéticos e sociais.
Você pode dizer que eu sou um sonhador, mas não sou o único. Eu sei que um dia viveremos isso e superaremos nossos mínimos defeitos.

sábado, 21 de setembro de 2013

A vida e as oportunidades

Há algumas semanas tenho vivido algo intenso e, ao mesmo tempo, desafiador. É uma sensação indescritível ver seu sonho se realizar de uma forma tão brilhante, como se já estivesse arquitetado em algum lugar do universo. Como se eu não pudesse fugir das situações e pessoas que tenho encontrado...
Certa vez, alguém me disse que a vida é um grande quebra-cabeças em que as situações são perfeitamente compreensíveis, mas estão dispersas... Perdidas umas das outras por nossa pobre capacidade de abstrair, juntar as peças, ou, simplesmente, deixar fluir... Aí está a verdadeira felicidade... Em não se expor à revolta, não perder noites de sono imaginando como será o futuro ou culpar-se demasiadamente pelos erros do passado. Só há um tempo com o qual devemos nos preocupar: AGORA... É agora que podemos lutar por um futuro melhor e desfazer o mal que possamos ter feito. Só há uma forma de viver, caro leitor... Viver com atitude, que é ter a coragem de dizer o que se pensa a quem quer ouvir e se abster quando não vale à pena.

Além disso, aprendi quando disse sim, que não devemos, em hipótese alguma negar a vida... O não é uma grade que nos aprisiona em nossos conceitos pré-estabelecidos do mundo e nos impede de mudar... Assim, fixos, imóveis nós (eu e você, leitor) perdemos grandes oportunidades... Oportunidades únicas que a vida nos oferece de conhecer pessoas, viver situações e desfrutar momentos únicos, que, certamente, nos levaram a sermos melhores do que somos ou, simplesmente conhecer outras realidades diversas da com a qual estamos habituados. Todos nós somos, como disse em um texto antigo, uma mistura inacabada do que nos permitimos conhecer. Por isso, é fundamental que vivamos o máximos, respeitando, é claro, os limites éticos, mas sem as restrições relativas ao velhos medos e preconceitos. Estes, devem ser abolidos da nossa rotina, sempre que possível...