Quando meu nome surgiu naquela tela, confesso, duvidei da
realidade que se mostrava tão bela. Tal dúvida permaneceu comigo até o momento
em que me vi obrigado a refletir sobre o caminho q me escolheu ( a medicina) e
das responsabilidades que carrego desde que fui escolhido, as quais se
mostraram simultaneamente óbvias e incompreensíveis.
“Ama a teu próximo como a ti mesmo”, eis o segredo da
felicidade passado por nós há séculos pelo maior de todos os homens, mas até
hoje pouco compreendido pela grande maioria dos mortais. É esse o pilar da
profissão à qual fui guiado pelos caminhos da vida e pela qual me apaixonei. Na
semana que se foi, no entanto, aprendi na prática como pessoas de mundos tão
diversos podem se amar simplesmente, desde que estejam dispostos a ver além das
pré-concepções, estereótipos formados, e
levar o “nós” a um patamar superior ao “eu”. Amor, em suas mais amplas formas,
envolve a compreensão do outro, o toque, o abraço apertado, a confiança, o
respeito, o carinho, a cumplicidade. Pude, então, ser mais eu do que nunca e
descobrir dentro de mim sentimentos tão bonitos e verdadeiros que cativei em
troca as pessoas que me cativaram. Nelas, causei a impressão de que eu possuía apenas
aqueles sentimentos que se exteriorizaram ali deixando oculto o fato de que,
como a maioria das pessoas, nem sempre sei ser tão tranquilamente eu nas relações
cotidianas. Talvez seja a hora de dizer
que minhas qualidades, ainda que exaltadas nessa semana, são pequenas na
imensidão dos meus defeitos. Mas aprendi com a vida o dom da auto-análise crítica
e sincera para ser moldado por mim rumo ao crescimento.
Crescimento... Não seria esse o motivo da vida? Que outra
finalidade teriam as dores Às quais somos submetidos senão o aprendizado? Ser a
cada dia melhor do que no dia anterior...
Agora, sinto que começa para mim uma nova fase e,
certamente, não será composta apenas por momentos bons, visto que trará consigo
belos desafios. Estes, eu estou disposto a aceitar com tranqüilidade, já que,
quando tudo se for, serei alguém infinitamente melhor.
Descobri, quando os piores/melhores momentos de minha vida
haviam passado, que há uma fórmula infalível para anestesiar a dor: A fé...
Sim, leitor, a fé é o escudo mais forte contra os ataques ferozes da vida. Não
falo aqui da fé em uma divindade, geralmente atrelada às religiões. Refiro-me à
fé na vida e na transitoriedade das situações. Afinal, é verdade que as dores
se vão, as alegrias também. Das primeiras guardamos lições, das segundas,
apenas saudade.
2 comentários:
Parabéns Manoel lindo texto! Amei, continue escrevendo!
Reflexão tão bonita e sincera! :)
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