Acredito que a vida é regida por uma lei, a partir da qual
toda ação individual tem um efeito, que retorna a nossa própria vida. Não se
trata de punições ou gratificações pelas nossas atitudes, são apenas efeitos.
Para usarmos uma analogia corriqueira, colhemos o que plantamos... Plantando
espinhos, colheremos espinhos e não há como culpar a ninguém senão a nós
mesmos. Se plantarmos flores, no entanto, colheremos flores e quanto mais belas
as flores que plantarmos, mas belo o jardim que surgirá em torno de nós.Como,
no entanto, plantar um jardim se a maioria de nós está sempre rodeada de
espinhos? Como não deixar que as flores murchem em meio à podridão dos
sentimentos que sempre nos envolve?

Quase sempre nós, fixados no que não temos ou
não podemos ter, movemos súplicas aos céus, cheios de auto piedade, e
justificamos uma infelicidade egoísta, que tem origem no descontentamento. Na
maioria das vezes, a felicidade é transferida a pessoas, objetos ou
circunstâncias, mas o nome disso é satisfação. Uma satisfação momentânea, que
logo se esvai e dá lugar, novamente, à contrariedade. Então, é comum que nos dirijamos
a Deus, independentemente da crença que nos mova, em tom de cobrança como se
fosse ele o culpado de nossa “infelicidade”.Acontece que todas as situações a que somos expostos na vida,
mesmo as mais penosas, são oportunidades únicas para uma transformação interior.
Felicidade, dessa forma, é questão de ser. Ela não está na beleza, na
juventude, na fortuna sem limites... Está nos nossos próprios atos e nas virtudes
que obtemos quando a vida nos impõe tragédias momentâneas. Para que serviriam
as torpezas da vida se dela não extraíssemos o melhor, a parte que nos emite
algum aprendizado, qualquer que seja.

A resposta é muito simples: somos parte de
um todo e, ainda que tentemos pensar em uma felicidade individual, ela não
existe (apenas sob a forma de uma satisfação momentânea). Por isso, somos
felizes quando pensamos no todo, ou nas partes que nos rodeiam. Assim, uma
forma de plantar um jardim é criar o hábito de fazer o bem àqueles que estão
por perto. Não falo das grandes obras de caridade, ainda que estas sejam formas
sublimes de cultivar belos jardins. Falo aqui das palavras amigas que podemos
levar àqueles que sofrem por perto de nós. Não é difícil ser gentil e com
palavras simples podemos cativar pessoas e transformar em flores os sentimentos
delas a nosso respeito. Assim cresce o jardim, que se converte na verdadeira
felicidade. Por isso, lembremo-nos cultivar o respeito e o carinho pelo outro, pelo desconhecido ou pelo familiar, e nos colocarmos no lugar deles antes de qualquer ato, antes de qualquer pensamento. Saibamos que Julgamentos, críticas venenosas, pensamentos invejosos ou sentimentos similares obscurecem nossa própria paz, pois, já que estamos todos ligados, o meu elo com o outro é a minha ligação comigo mesmo. Que tipo de vínculo você, caro leitor, deseja ter consigo mesmo?
Um comentário:
Muito bom, parabéns.
Postar um comentário